9.6.12
Árvore sob o sol
ao longe há uma árvore recolhida ao sol
sob os seus braços pendem os frutos da solidão
que ninguém vê
sob as estrelas a árvore constrói o seu luar,
uma renda de fino corte que espalha mistério
em seu redor
a árvore enumera os dias pelas folhas da mão
ora despe, ora veste o seu peito com a pressa
que traz cada estação
são muitos os que a buscam sem deixar sinal
passo a passo, voo a voo a árvore treme
com um arrepio carnal
é um sítio de espera, onde a água que sobe a seiva
acima se espalha em verde e em mansidão
sob o silêncio que faz crescer
a árvore traça um meridiano de luz
entre a aridez e o pleno estio - para lá da árvore
não há mais do que a sua sombra
há árvores antigas que conhecem todas as sombras
os seus ramos inclinam-se para mais longe
para onde as sombras se infiltram com a reclusão
dos velhos monges
mas esta árvore tem o vento na voz e conta
as noites e os invernos, com as murmurações de
um tronco só
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